Pr. Claudio Duarte fala sobre ir a motel, filmes pornôs, traição e fantasias sexuais




Pr. Claudio Duarte
Um dos mais conhecidos palestrantes da atualidade na área da família, ele fala sem medo na hora de orientar a respeito de temas tidos como "proibidos", tal como sexualidade, que é um assunto sobre o qual muitos pastores e líderes não se sentem à vontade para explicar ou orientar. O pastor Claudio Duarte, 45 anos, é casado há 22 anos e pai de dois filhos, membro da Igreja Batista Monte Horebe, no Rio de Janeiro, e há sete anos ministra em conferências para casais em eventos evangélicos.
O pastor Claudio Duarte concedeu entrevista à jornalista Elisa Rangel, do Jornal A Gazeta/ES, e falou sobre a possível falta de habilidade de líderes cristãos para tratar sobre sexualidade no casamento. Assuntos como realizar fantasias sexuais, frequentar motéis e assistir a filmes pornográficos, foram abordados na entrevista. O pastor também deixa um alerta aos casais quanto ao uso das redes sociais, dizendo que “A internet tem sido um dos grandes vilões do casamento”.
O pastor finaliza a entrevista mostrando que “outro grande desafio da família é o diálogo”. Pessoas que passam horas na internet conversando, muitas vezes, com alguém que nem conhecem, mas não conversam com um familiar que está em casa. “O mundo quer dizer que nunca estivemos tão próximos, mas a verdade é o contrário: nunca estivemos tão distantes”.
Confira a entrevista na íntegra:
Nas igrejas, falta gente com conhecimento para falar sobre sexualidade no casamento ou os pastores e 
líderes têm vergonha de tratar desse tema?
Conhecimento eu acredito que não falta. Talvez falta habilidade, porque esse assunto é ainda muito polêmico. 
Quando o pastor vai tratar desse tema, expõe a própria vida, dá margem para as pessoas, os fiéis, pensarem 
no procedimento dele, como ele age. Se o pastor tratar de um assunto sobre família voltado para sexualidade, 
as pessoas acham que ele está falando de suas opções sexuais e não de seus posicionamentos no que diz 
respeito à Bíblia. Então os pastores ficam meio receosos. Eu já conversei com vários amigos pastores que 
preferem não falar disso. Até porque é uma linha muito próxima da vulgaridade. É um terreno muito movediço 
para se mexer.
Mas o senhor fala. É alvo de críticas por essa proximidade com a vulgaridade?
Não muito. Primeiro porque procurei expor as coisas de uma forma bem humorada, que não fique agressiva, 
pejorativa, chula. Mas eu ainda tenho uma margem pequena de rejeição sim. Não por as pessoas acharem 
“nossa, ele foi vulgar”. A rejeição vem porque as pessoas dizem: “Esse é um assunto que não deveria ser 
mexido, é uma área muito particular”. Ninguém nunca me disse que eu estava falando mentiras. Já me 
disseram que eu falei coisas que não deveriam ser faladas, mas não por não serem verdades e sim por 
serem impactantes e as pessoas não estarem acostumadas a ouvir.
Entre evangélicos, há muitos tabus em relação ao sexo, como se é permitido ver filmes pornôs, 
ir a motel, frequentar sex shops. E o senhor fala disso abertamente. Esses são os assuntos nos 
quais as pessoas acham que não se deveria mexer?
Exatamente. O que acontece é que se um pastor diz “é permitido ir a motel”, o que os fiéis vão entender? 
Que ele vai a motel. Então, mesmo se ele for a favor, prefere não dizer. Se ele achar que um homem deveria
 ir a um sex shop para comprar um óleo de massagem ou um lubrificante por causa de um problema hormonal 
de sua esposa, o pastor não fala porque tem medo do que as pessoas vão pensar dele. Eu entendo isso. Não
 critico. Se você não tem maturidade, liberdade ou jeito para tratar do assunto, é melhor não falar. Eles não
 fazem por maldade ou para manter o povo mal informado. É por que não têm habilidade para falar. Deus dá 
capacidade para outros falarem.
Na opinião do senhor, um casal pode assistir a filmes pornográficos?
Não. Casado ou não, a resposta é não. Tudo o que falo estou usando a Bíblia como parâmetro e a Bíblia diz 
que a única nudez a que eu posso ter acesso é a do meu cônjuge no que diz respeito à sexualidade. A mim 
não é permitido ter acesso a outra nudez com intuitos sexuais. Então não pode ver filmes pornôs. A Bíblia me
 orienta que quando eu me uno com alguém ou quando tenho alguma expectativa sexual com outra pessoa que 
não seja meu cônjuge, estou cometendo adultério. Qual o meu intuito de ter acesso à nudez alheia? O que eu 
estou querendo? A Bíblia alerta que se eu olhar para outra mulher e cobiçá-la já cometi adultério. Imagine 
vasculhar a nudez dessa pessoa?
E a ida a motel? É permitida ou não?
Essa é uma opinião muito particular. Até porque eu não estou aqui para estabelecer regra e sim para dar 
orientações. Mas vamos pegar um casal cristão… Nós acreditamos em ambientes espirituais e deveríamos 
evitar ambientes inadequados espiritualmente. Aparentemente, você pega a sua esposa, leva para um motel 
e não tem nada que desabone sua conduta. A esposa é sua, o dinheiro é seu. Mas se formos avaliar que tipo 
de relacionamento é mantido naquele lugar, deveríamos selecionar melhor. Você pode estar deitado em uma 
cama com sua esposa onde duas horas antes estava acontecendo um adultério ou qualquer outro tipo de 
relacionamento que Deus não aprecia. Mas aí alguém vai dizer que se ele estiver ali com a esposa vai estar 
santificando o local. Por isso acho perfeitamente legal, salutar, sair da rotina, levar a esposa para jantar, depois 
levá-la para fazer sexo em outro local. Eu só teria essa ressalva em relação à questão espiritual do local. Meu 
conselho: em vez de ir a motel, vá para um hotel, uma pousada. Mesmo que no hotel e na pousada aconteça
 isso, nesses locais o foco é outro, o objetivo é outro.
Entre quatro paredes vale tudo, desde que seja com seu cônjuge?
Vamos partir para a análise da fantasia sexual. A pessoa quer se vestir de estudante, colocar uma fantasia de 
onça, usar alguma fantasia para estimular? O grande problema é a cabeça do ser humano. Tem gente que 
começa usando uma fantasia e depois não tem mais desejo pelo cônjuge se ele não tiver com aquela fantasia. 
Aí a fantasia tomou o lugar do desejo. É muito perigoso. Mas eu não posso dizer para uma pessoa madura, 
saudável e que tem condições de levar uma fantasia para um ambiente sexual que isso é inapropriado, até 
porque você não sabe a realidade de cada um. Pense na situação: um homem fica impotente. Como ele vai 
fazer para manter o casamento? Vai largar a esposa? Ou será que ele consegue uma maturidade para satisfazer
 a esposa de uma outra forma, criando uma fantasia? Cada caso é um caso. Há ainda uma outra preocupação:
 já tem gente dizendo que se um casal quiser trazer uma terceira pessoa para o relacionamento sexual não é 
adultério porque há o consentimento mútuo. Por que isso acontece? Porque o pecado nunca sacia, ele sempre 
quer mais. Se você abre uma brecha aqui, ele pede um pouco mais, um pouco mais. E nem todo mundo sabe 
o momento de parar.
O senhor fez muito sucesso na internet com um vídeo em que conta a oração do divórcio. Como é essa 
oração?
Essa oração ficou mesmo muito famosa na internet (risos), mas foi uma brincadeira que eu fiz. Estava 
conversando com um pastor amigo e ele falou para mim que queria a separação. Aí brinquei que, se ele queria 
mesmo a separação, eu ia fazer a oração do divórcio para ele. E esse pastor disse que essa oração não existia,
 mas eu insisti que existia sim. Foi então que coloquei a mão nele e disse: “Senhor, quando esse homem casou 
ele prometeu ficar junto até que a morte os separassem. Agora, Senhor, ele quer o divórcio. Então, Senhor, mata 
ele, leva ele” (risos). Foi uma brincadeira que eu contei durante uma mensagem.
Essas situações engraçadas relatadas em suas pregações fizeram que o senhor ficasse conhecido como 
pastor do stand-up. Gosta desse título?
O problema é que as pessoas publicam na internet só as partes engraçadas que eu falei nas palestras. Então a 
minha fala virou um show de humor e não uma pregação. Eu sofro muitas críticas por causa disso. Mas hoje isso 
não me prejudica mais porque já amadureci para lidar com essa situação. O modismo do stand-up comedy no 
Brasil acabou dando uma projeção muito grande às mensagens e, em relação ao meu trabalho, vejo mais como
 uma bênção do que como problema. É lógico que às vezes enfrento críticas duras, mas nem sei de onde elas 
estão vindo.
O senhor já chegou a dizer que sofre com a humorfobia. Esse é um problema corriqueiro? É maior 
dentro das igrejas?
Eu acho que é uma cultura mais religiosa. Dificilmente você vai ver um líder religioso sorrindo, brincando. 
A ideia é que eles têm que ser sempre carrancudos, com uma postura fechada, como se aquele fosse o olhar 
de Deus para o homem, um olhar de reprovação. Eu vejo muita dificuldade no sorriso. As pessoas acham que 
humor não tem a ver com seriedade. Temos que lembrar que Deus é bem humorado. Se não fosse, Ele já teria 
nos destruído há muito tempo.
Hoje é mais difícil manter o casamento?
Com certeza. Pensa há 20 anos… você tinha um telefone em casa que ficava no meio da sala. Como era para 
falar com a amante? Difícil, não? Hoje você tem um celular e é capaz de conversar com sua amante no 
mesmo ambiente que sua mulher e cometer um adultério virtual. Hoje existe o Facebook… Alguém pode postar 
uma foto que tirou há oito meses com você e causar um problema conjugal. A internet tem sido um dos grandes
 vilões do casamento. Fora isso, pense em quais são as mensagens que os programas de TV estão querendo 
passar? Têm valores imorais, com mensagem subliminar querendo passar uma liberdade, algo que vai além.
Quais são os principais problemas do casamento na atualidade?
O grande problema hoje está vinculado ao perdão. A coisa que mais precisamos é a que nós menos queremos
 oferecer: perdoar. Hoje os casais se separam porque não conseguem perdoar. Perdoar não é esquecer, é anular 
o efeito da dor. Quando você perdoa, a ferida vira uma cicatriz. Toda vez que você olhar vai lembrar, mas se 
tocar não dói mais. O perdão é uma cura de algo que é verdadeiro, legítimo, mas que você optou cicatrizar. 
O perdão traz a regeneração do casamento.

Há outro vilão no casamento?
O outro grande desafio da família é o diálogo, que está muito ruim. As pessoas ficam até 3 horas da madrugada 
na internet conversando com alguém que está na Austrália. Às vezes não sabe nem quem é, mas fica ali 
conversando na internet, sendo que seu marido e sua mulher estão ali do lado e ninguém conversa. O mundo 
quer dizer que nunca estivemos tão próximos, mas a verdade é o contrário: nunca estivemos tão distantes.