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O ex-presidente cubano Fidel Castro afirmou nesta segunda-feira (28)
que Cuba não necessita que "o império" lhe presenteie com nada e que o
povo deste "nobre e abnegado país" não renunciará "à glória, aos
direitos e à riqueza espiritual que ganhou com o desenvolvimento da
educação, da ciência e da cultura".
"Não necessitamos que o império nos presenteie com nada. Nossos
esforços serão legais e pacíficos, porque é nosso compromisso com a paz e
a fraternidade de todos os seres humanos que vivem neste planeta",
precisou Castro em artigo publicado nesta segunda-feira nos veículos de
imprensa oficiais da ilha intitulado "Irmão Obama".
O antigo líder cubano, de 89 anos e retirado do poder em 2006, analisa em sua "reflexão" o discurso que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, feito na terça-feira (22) ao povo cubano durante sua visita à ilha, a primeira de um líder americano à Cuba revolucionária.
"Somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais que
necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo", ressaltou o
líder da Revolução cubana em sua primeira reação à visita de Obama a
Cuba.
O artigo do ex-presidente, entre os conhecidos como "reflexões de
Fidel", datado às 22h27 de 27 de março, foi divulgado nesta manhã nos
meios de comunicação oficiais da ilha e nele debulha aspectos das
palavras de Obama na terça-feira desde o Grande Teatro de Havana.
Sobre as declarações de Obama a favor de "esquecer o passado e olhar
para o futuro", Fidel Castro considera que utilizou as "palavras mais
açucaradas" e afirma que os cubanos correram "o risco de um infarto" ao
escutar o presidente dos Estados Unidos falar de cubanos e americanos
como "amigos, família e vizinhos".
"Após um bloqueio impiedoso que durou quase 60 anos e diante dos que
morreram nos ataques mercenários a embarcações e portos cubanos, além de
invasões mercenárias, múltiplos atos de violência e de força?",
questiona Fidel.
Segundo ele, "um dilúvio de conceitos inteiramente inovadores" entraram
na mente dos cubanos que o escutavam quando este afirmou que sua visita
a Cuba tinha o propósito deixar para trás a Guerra Fria nas Américas e
de estender uma "mão de amizade" ao povo cubano.
Presidente
dos EUA, Barack Obama, discursa no Gran Teatro, em Havana, durante
visita histórica a Cuba (Foto: Carlos Barria/Reuters).
Castro lembra a Invasão de Baía dos Porcos, quando em 1961 "uma força
mercenária com canhões e infantaria blindada, equipada com aviões, foi
treinada e acompanhada por navios de guerra e porta-aviões dos Estados
Unidos, atacando de surpresa nosso país".
"Nada poderá justificar aquele ataque que custou a nosso país centenas
de baixas entre mortos e feridos", rememora Fidel Castro, sobre aquele
acontecimento que aprofundou a divisão entre EUA e a Cuba
Revolucionária.
Fidel Castro também criticou que nas declarações de Obama sobre a
origem mestiça tanto de Cuba como dos EUA, não mencionou que "a
discriminação racial foi varrida pela Revolução", que aprovou "a
aposentadoria e o salário de todos os cubanos" antes que do presidente
americano "completar dez anos".
"O odioso costume burguês e racista de contratar aguazís para que os
cidadãos negros fossem expulsos de centros de recreação foi varrida pela
Revolução Cubana", afirma Castro, que lembrou que a solidariedade
cubana também livrou essa luta contra o racismo em Angola e outros povos
da África.
Fonte. G1