Bancada do PPdecide votar a favor do impeachment de Dilma

A bancada  do  PP  decidiu nesta terça-feira (11), após reunião na Câmara, que votará   a   favor   da   continuidade do processo de    impeachment da presidente Dilma Rousseff. A decisão foi anunciada pelo líder do     partido, Aguinaldo Ribeiro (PB), que já havia  informado ser pessoalmente contra o afastamento da petista. Segundo ele, a orientação da liderança na votação em plenário será pela instauração do processo.

O PP vinha demonstrando racha na bancada nas últimas semanas quanto ao processo de impeachment e a cúpula do partido negociava cargos com o governo em troca de apoio. O Planalto chegou a cogitar entregar o Ministério da Saúde à legenda, umas das pastas mais cobiçadas por causa do alto orçamento. No entanto, parcela dos deputados pressionava fortemente por um rompimento. Atualmente, o partido conta com 47 parlamentares em exercício na Câmara.

Também na noite desta terça-feira, a bancada do PRB decidiu que votará a favor do impeachment de Dilma. O partido foi o primeiro a desembarcar do governo, ao devolver o Ministério dos Esportes, que ocupava. De acordo com o presidente nacional do partido, Marcos Pereira, os 22 deputados federais do partido votarão a favor do impeachment.
A decisão da reunião do PP já havia sido antecipada pelo colunista Gerson Camarotti.  "É uma decisão que sei que é histórica mas que visa a unidade da bancada. Vamos sair para o gabinete do presidente do partido e comunicar que o partido deliberou pelo encaminhamento no plenário do voto sim", anunciou Aguinaldo Ribeiro.

Apesar da decisão, a bancada decidiu que não haverá o chamado "fechamento de questão", quando há punição para os deputados que votarem contra a posição da legenda. No entanto, a orientação favorável ao impeachment pode influenciar deputados indecisos e interrompe eventuais negociações do governo que envolvam distribuição de cargos e ministérios.
"Aqueles  que estão em situação constrangedora ou indecisos vão nos acompanhar. Esperamos 40 votos na bancada", disse o deputado Júlio Lopes (PSB-RJ), um dos principais articuladores da parcela da bancada que defende o impeachment. Segundo ele, a decisão de orientar o voto a favor do afastamento ocorreu por 37 votos a 9, durante a reunião desta terça da bancada.
"Sempre defendíamos o impeachment. Muitos colegas não tomavam uma decisão porque queriam uma decisão partidária", completou o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).

Voto na comissão
Nesta segunda (10), Aguinaldo Ribeiro liberou os votos da bancada para a votação do parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) na comissão especial, embora tenha feito um discurso em defesa do arquivamento do pedido de impeachment. Somente Aguinaldo votou na favor de Dilma no colegiado e os outros três deputados do PP integrantes da comissão votaram pela continuidade do processo.
Ele afirmou que o governo Dilma Rousseff “representa uma frustração”, mas ponderou que a Constituição, exige a comprovação de crime de responsabilidade para que haja impeachment.

"Como muitos brasileiros hoje decepcionados , como muitos brasileiros que se sentem enganados, acreditamos que o atual governo seria capaz de conduzir o Brasil a um futuro melhor [...] sendo coerente com aquilo que apregoou durante a campanha eleitoral", disse o líder.

"Politicamente, a presidente tem responsabilidade pela crise. Da mesma forma que receberia os aplausos se estivéssemos vivendo um milagre Podemos, sim, atribuir a culpa individualmente maior pela situação que vivemos hoje a ela para ou bem ou para o mal", afirmou.

“A presidente tem uma parcela de responsabilidade nessa crise atual. Mas a Constituição não prevê cassação por crise de popularidade e sim por crime de reponsabilidade. Podemos não gostar do governo, mas a Constituição não prevê impeachment para expressamos nosso descontentamento com o governo”, ponderou o líder do PP.