Ex-presidente do Uruguai Mujica é homenageado em Ouro Preto

 Ex-presidente do Uruguai, José Mujica, é homenageado em Ouro Preto (Foto: Marcelo Sant’Anna - Imprensa MG/ Divulgação)
Capital simbólica de Minas Gerais nesta quinta-feira (21), Ouro Preto, na Região Central do estado, sediou a cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência, nesta manhã. Neste feriado de Tiradentes, a solenidade teve o ex-presidente do Uruguai José Mujica como grande agraciado. 

Durante seu discurso, o político – que esteve à frente do governo uruguaio entre 2010 e 2015 e hoje ocupa o cargo de senador – defendeu a democracia e falou sobre a crise política pela qual passa o Brasil. "Não é um problema de um partido. É um problema do Brasil", declarou.

A cerimônia estava agendada para as 10h, mas começou com cerca de 15 minutos de atraso. Orador da solenidade, o político uruguaio recebeu o Grande Colar, grau máximo da Medalha da Inconfidência.

Capital de Minas Gerais é transferida para Ouro Preto neste Dia de Tiradentes, quando o governador Fernando Pimentel (PT) entrega Medalhas da Inconfidência (Foto: Alex Araújo/G1) 
Capital de Minas Gerais é transferida para Ouro Preto neste Dia de Tiradentes, quando o governador Fernando Pimentel (PT) entrega Medalhas da Inconfidência (Foto: Alex Araújo/G1)
O governador Fernando Pimentel (PT), que presidiu o evento, foi recebido com honras militares. Em seguida, acompanhado pelo ex-presidente José Mujica, colocou flores no monumento a Tiradentes e recebeu o fogo simbólico, fazendo o acendimento da Pira da Liberdade. Houve também salva de 21 tiros.

Em seu discurso, Pimentel pediu respeito ao voto popular e pontuou que "a única fonte real de legitimidade na democracia é o voto". Neste momento, os participantes da solenidade gritaram que “não vai ter golpe”, referindo-se ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

"Seja qual for o desfecho da crise, nosso país precisa passar um processo de pacificação. Sem isso, não encontraremos saída", avaliou.

A solenidade foi finalizada com o discurso de Mujica, que declarou ter a América Latina como pátria e, por isso, também se sentir brasileiro. No início da fala, o político disse que "os únicos derrotados são os que deixam de lutar". "Não há um prêmio no fim do caminho. O prêmio é o próprio caminho", ressaltou.

Para o ex-presidente, a crise política no Brasil pode ter um efeito negativo sobre os jovens.
“Por que digo isso, mineiros? Porque o resultado que pode ter, para as novas gerações, o conflito que está vivendo o Brasil, é que muita gente jovem termine com esta conclusão: a política não serve para nada e são todos iguais. Há que se salvar a política. E não é um problema de um partido. É um problema do Brasil. (...) Pior que as derrotas é este desencanto”, disse.

O uruguaio também destacou a política como uma forma de se buscar melhorias à população. "A função da política não é aplacar, é negociar as inevitáveis diferenças que se apresentam na sociedade. O homem é um animal político. A função da política não é gerar a corrupção. A função da política é lutar por um mundo melhor", afirmou.

Outras cerca de 150 personalidades e entidades que contribuíram para o desenvolvimento do estado e do Brasil também foram agraciadas durante a cerimônia.

Foram 30 homenageados com a Grande Medalha, 54 com a Medalha de Honra e 63 com a Medalha da Inconfidência. Entre os agraciados deste ano, estão políticos, militares, juristas, médicos, professores, advogados, jornalistas, professores, historiadores, estudantes, religiosos e empresários.

Guarda de Honra da Polícia Militar de Minas Gerais está posicionada para a entrega da Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto (Foto: Alex Araújo/G1) 
Guarda de Honra da Polícia Militar de Minas Gerais posicionada para a entrega da Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto (Foto: Alex Araújo/G1)
Protestos
Integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST) acompanharam o ato na cidade histórica. No início da solenidade, Pimentel e Mujica acenaram para o grupo, que retribuiu gritando o nome dos políticos.
Durante a cerimônia, os sem terra também protestaram contra o pedido de impeachment. Durante o acendimento da pira, posicionaram-se contra o vice-presidente Michel Temer (PMDB) e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). "Queima o Temer, queima o Cunha", gritaram.

Por volta das 10h45, um manifestante ultrapassou a grade de proteção montada na Praça Tiradentes. Ele foi rapidamente retirado por seguranças.

Antes da cerimônia, um grupo contrário ao parcelamento do salário do funcionalismo público se envolveu em uma confusão com policiais. Os manifestantes alegam que foram impedidos de entrar na área do evento e que houve uso de spray de pimenta.
Ato na Praça Tiradentes, em BH, criticou Medalha da Inconfidência. (Foto: Reprodução/ TV Globo) 
Ato na Praça Tiradentes, em BH, criticou Medalha da Inconfidência (Foto: Reprodução/ TV Globo)
De acordo com a Polícia Militar (PM), apenas pessoas devidamente credenciadas poderiam ter acesso ao local da cerimônia. A corporação confirmou que “usou esforço para conter a entrada dos manifestantes no local”.
Ato em BH
Em Belo Horizonte, um ato na Região Centro-Sul criticou a cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência, conduzida por Pimentel, em Ouro Preto.  

O ato foi organizado pelos movimentos Vem pra Rua e Patriotas, que defendem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em tendas montadas na Praça Tiradentes, na Avenida Afonso Pena, bairro Funcionários, integrantes dos movimentos entregaram medalhas a pessoas que, segundo eles, se destacaram na luta por mudanças na política brasileira.

G1