O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) em
Minas Gerais vai invadir fazendas e interromper tráfego de rodovias em
todo o Brasil caso o impeachment de Dilma Rousseff (PT) seja aprovado no
Senado e o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assuma o mandato.
A
informação é do coordenador MST em Minas, Enio Bohnenberger, que esteve
nesta quinta-feira, 21, em Ouro Preto para acompanhar a entrega da
Medalha da Inconfidência em Ouro Preto.
Segundo o líder do
movimento, em Minas Gerais já foram escolhidas as fazendas que serão
invadidas em caso de impeachment. Bohnenberger não acredita, porém, que a
saída da presidente do governo já esteja consolidada. "Tudo vai
depender da movimentação que acontecer nas ruas", afirmou. Integrantes
do MST foram colocados na maior parte das cerca de 500 cadeiras
reservadas à população para acompanhar a entrega da medalha em Ouro
Preto. O ex-presidente do Uruguai José Mujica foi o orador da cerimônia.
Cerimônia
Depois
de anunciar, em 2015, a reabertura da Praça Tiradentes para moradores e
turistas na cerimônia de entrega da Medalha da Inconfidência, o
governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), voltou este ano a
restringir o acesso à área. Nesta quinta até mesmo quem tentava passar
pela praça para chegar a pousadas e residências era abordado por
policiais militares e orientado a desviar da região. O acesso era feito
somente com credenciais.
Cerca de 500 cadeiras foram colocadas
para quem quisesse acompanhar a cerimônia a partir de uma área também
com acesso controlado pela Polícia Militar. Durante as gestões de Aécio
Neves (PSDB) e Antônio Anastasia (PSDB), sistema semelhante foi adotado
para a cerimônia.
No ano passado, o governador Pimentel foi vaiado
principalmente por professores que protestavam por aumento de salário.
Morador de Ouro Preto há 18 anos, o artesão Agostinho Ferreiro da Silva,
49 anos, reclamou do esquema adotado por Pimentel e seus antecessores.
"Atrapalha muito. Fica tudo parado até o fim da tarde", disse. Agostinho
trabalha em uma feira próxima à praça. "Acho que fazem isso por medo de
manifestações", diz o artesão.
Pimentel vem sendo alvo de
protestos em Belo Horizonte desde que começou a ser investigado pela
Polícia Federal dentro da Operação Acrônimo, deflagrada por suspeita de
que o governador tenha recebido vantagens indevidas durante a campanha
eleitoral de 2014.