Operadoras devem dar acesso gratuito à Internet nos países em desenvolvimento, prega Zuckerberg

Mark Zuckerberg quer que todos no mundo usando a Internet. Para isso, criou a Internet.org. E agora, tenta convencer as operadoras de telefonia móvel a se engajarem na empreitada, para que isso aconteça. Mas o argumento do CEO do Facebook é questionável. Quer todas as operadoras oferecendo acesso barato ou até gratuito a determinados serviços. Assim, fomentariam a compra de seus serviços de conexão para outros fins. "A remuneração viria com o interesse desses usuários em novos produtos", disse Zuckerberg.
De acordo com o fundador do Facebook, hoje só um terço das pessoas têm Internet no mundo. O acesso está crescendo mais devagar do que as pessoas imaginam. Dos 2/3 que não têm acesso, 80% estão em áreas cobertas por 2G ou 2G.  "Fala-se muito do número de smartphones no mundo e acaba-se pensando que isso leva o acesso à rede, mas não é verdade. Identificamos um problema e queremos consertar", disse o CEO do Facebook, lembrando que muitas pessoas não sabem o que a Internet pode proporcionar.
"Não queremos criar uma conectividade para uma parte do mundo, mas sim para ele todo. E a questão não é sobre a Internet, é sobre o que ela traz”, disse Zuckerberg, que citou, como exemplo, a possibilidade de criação de milhões de empregos e até a queda de indicadores ruins, como a mortalidade infantil.
Em nome do Internet.org, o Facebook contratou a consultoria Deloitte para realizar um estudo sobre o impacto que o acesso à internet pode ter nas condições econômicas e sociais no mundo em desenvolvimento. Lançado hoje, o estudo "Valor da Conectividade" traz resultados relevantes para ajudar a reduzir o déficit de conectividade existente. O relatório concluiu que, expandindo o acesso à internet em países em desenvolvimento para níveis vistos hoje em economias já desenvolvidas, é possível aumentar a produtividade em até 25%, gerando um crescimento de 2,2 trilhões de dólares no PIB e mais de 140 milhões de novos empregos. Isso tiraria 160 milhões de pessoas da zona da pobreza.
Um dos objetivos do Internet.org, segundo Zuckerberg é criar um acesso rápido e quase “emergencial” para os serviços básicos na rede. Como um número de ligação de emergência (como o 190 ou o 911). “Vamos perder dinheiro por um tempo”, disse Zuckerberg. "Eventualmente iremos achar uma forma de receber por isso, mas primeiramente é bom para o mundo”, avaliou.
A Internet.org, que conta também com Samsung e Nokia como parceiros, é claramente impulsionada pelo potencial monetário, no longo prazo - e isso não é necessariamente uma coisa ruim, de acordo com Zuckerberg. Mas, segundo ele, está longe de ser uma tentativa de conseguir dominar o mundo.
Zuckerberg disse estar buscando 3 a 5 empresas de telefonia como parceiras em um esforço para conectar bilhões de pessoas ainda sem acesso internet. A adesão à iniciativa seria para implantar redes e fornecer serviços de dados de graça para as pessoas que não podem pagar. Isso iria fornecer serviços, incluindo redes sociais, mensagens e informações sobre o tempo que poderiam, eventualmente, gerar receitas para operadoras e empresas de Internet, em um segundo momento. "Eu quero mostrar que este modelo funciona, por isso estou à procura de parceiros, sérios", afirmou o CEO do Facebook.
No Brasil, o Facebook já é acessado de graça pelos usuários através de uma parceria da rede social com algumas operadoras. Todas as vezes que o usuário clica em um link na rede social que leva a páginas fora dela, recebe uma mensagem alertando que a partir do momento que concordar em sair da rede social a navegação fará uso de um plano de dados ativo, porque o acesso será cobrado.
"Vamos dar dinheiro às teles com os nossos usuários. Eles são um ativo que as teles querem", afirmou Zuckerberg. Caberia a elas decidir quais acessos seriam gratuitos.
participação no Mobile World Congress, realizado esta semana em Barcelona, é a primeira do CEO do Facebook após a compra do WhatsApp, e esse assunto não poderia ficar de fora. A compra do WhatsApp pelo facebook surpreendeu pelo alto preço pago por uma companhia que detém 450 milhões de usuários mas pouca receita. Zukerberg surpreendeu ao afirmar que, embora possa estar errado, na sua opinião a WhatsApp, por ser a empresa de maior poder de engajamento, já hoje, vale muito mais que os US$ 16 bilhões pagos pelo Facebook.
Ao responder perguntas da plateia, Zucketberg assegurou que o Facebook não fará mudanças no WhatsApp. E garantiu que, embora o serviço de mensagens vá fazer uso da infraestrutura do Facebook, a rede social não usará os dados dos usuários, nem irá armazená-los. "O WhatsApp não guarda os dados dos usuários e continuará assim", disse.



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