Pagamento de adicional para polícia durante Jogos ainda está indefinido

Parque Olímpico tem 92% das obras concluídas (Foto: Renato Sette Câmara / Prefeitura do Rio).

A menos de três meses do início da disputa dos Jogos Olímpicos do Rio e em meio à crise econômica que atinge o estado, a Secretaria da Casa Civil não sabe se vai ter os recursos em caixa – estimados em R$ 42 milhões – para pagar o Adicional de Serviço (RAS) para Policiais Militares e Civis durante o evento.
O pagamento é previsto para compensação financeira para o trabalho de agentes de segurança em seus horários de folga, e a dúvida pode afetar diretamente o esquema de segurança para a competição.
"Até o momento, trabalhamos com a hipótese de que o governo do estado vá honrar esse compromisso", afirmou o subsecretário de Grandes Eventos da Secretaria estadual de Segurança (Seseg), Roberto Alzir.
O valor a ser utilizado para pagar aos PMs e agentes, segundo Alzir, foi enviado à Casa Civil em março. A pasta, porém, ainda não definiu o valor e informou ao G1 que está avaliando o processo.

Os valores para cada uma das corporações são diferentes: para a Polícia Militar, segundo nota, o valor para oito horas de trabalho é de R$ 150. Já o valor de 12 horas é de R$ 225.
O número de vagas, no entanto, não foi divulgado pela corporação. Tanto para o serviço voluntário – quando o PM se oferece para trabalhar –, quanto para o compulsório, quando o Estado Maior da PM faz a escala de acordo com o planejamento estratégico, incluindo grandes eventos como as Olimpíadas.

Para a Polícia Civil, existe o regime adicional na modalidade Grandes Eventos, com vagas de acordo com a necessidade de cada evento, e a modalidade extensão, destinada ao trabalho de dia a dia da corporação. O valor de trabalho varia entre R$ 112,50 a R$ 375,00, conforme o número de horas de serviço e do cargo do policial civil.

Em abril, as horas extras relativas a novembro e dezembro de 2015 foram pagas. Os benefícios de 2016, no entanto, ainda não haviam sido pagos até a publicação desta reportagem.
Sem férias
O subsecretário informou também que o efetivo da PM que trabalhar no policiamento ostensivo, que será realizado fora dos locais de competição, terá as férias suspensas. Também serão cortadas licenças e cursos de capacitação. 
Apesar das medidas, a secretaria também trabalha com a possibilidade de faltar recursos e contingente para o policiamento nas Olimpíadas. Se for o caso, a Seseg afirma já ter uma saída.
"Se faltar recursos, temos que pensar em como o Exército será utilizado, como já pensamos a respeito de Deodoro [bairro da Zona Oeste que vai sediar eventos olímpicos]. Algumas tarefas em Deodoro que seriam da Polícia Militar, tendo em vista o enorme esforço que a corporação vai fazer para tomar conta de toda a cidade, já serão feitas pelo Exército. Até mesmo patrulhamento ostensivo, controle de trânsito, bloqueios, postos de verificação veicular”, explicou.
Fernando Veloso explicou medidas de contenção de gastos na Polícia Civil do Rio (Foto: Henrique Coelho/G1)


Fernando Veloso afirma que conta com RAS para Jogos Olímpicos (Foto: Henrique Coelho/G1)
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Vagas reduzidas
Em entrevista exclusiva ao G1, em abril, o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, admitiu que o pagamento do RAS para agentes estava atrasado desde novembro do ano passado, devido à crise econômica. Mesmo com os pagamentos dos benefícios relativos a novembro e dezembro, as horas extras de 2016 ainda não foram pagas.
O número de vagas no RAS de extensão foi reduzido em um terço como uma das medidas de economia da Polícia Civil para o momento de crise no estado. Atualmente, são pouco mais de 9 mil vagas.
"Se não estávamos pagando um valor de 10, por exemplo, vamos tentar pagar 6 ou 7, para conseguir fazer com que o policial possa voltar a se voluntariar", explicou Veloso.

Durante coletiva de imprensa paraapresentação do esquema de segurança das Olimpíadas, no último dia 15 de abril, o coordenador de Assuntos Olímpicos da PM, coronel Marcelo Rocha, disse que esperava uma definição do governo do Rio sobre o Regime Adicional de Serviço (RAS).
"Esperamos que haja dinheiro para pagar", afirmou o oficial na ocasião, sem dar detalhes sobre o que seria feito em caso de o governo não honrar o compromisso.
Regras do benefício
O benefício foi criado pela Secretaria de Segurança em maio de 2012. De acordo com o segundo artigo, considera-se a convocação de grandes efetivos para eventos como "eleições regulares para os cargos eletivos dos Poderes Executivo e Legislativo, no âmbito federal, estadual e municipal, festividades como réveillon e carnaval".

"A contratação também está prevista para unidades Operacionais da Polícia Militar e as Unidades de Polícia Judiciária da Polícia Civil que apresentem defasagem de efetivo e taxas de criminalidade violenta altas, objetivamente mensuradas, com base em metodologia científica", diz o texto.
Em caso de jornada de trabalho superior à que estiver sujeito o servidor não contemplado pelo RAS, por necessidade de serviço, com autorização expressa da chefia imediata, a compensação deverá, sempre que possível, ocorre.

G1