Em discurso num ato em Diadema, ex-presidente prestou homenagem a político acusado de causar traumatismo craniano em adversário; nas redes, bolsonaristas compararam caso ao assassinato de Marcelo Arruda
Naquela ocasião, petistas protestavam em frente ao Instituto Lula, em São Paulo, quando Carlos Alberto Bettoni se aproximou e ofendeu lideranças petistas que deixavam o prédio. Maninho empurrou Bettoni contra um caminhão que passava pela rua.
Em Diadema, cidade na qual Maninho foi vereador entre 2001 e 2016, Lula afirmou no sábado que o aliado ficou preso sete meses "porque resolveu não permitir que um cara ficasse me xingando na porta do instituto".
— Então, Maninho, eu quero em teu nome agradecer a toda solidariedade do povo de Diadema. Porque foi o Maninho e o filho dele que tiveram nessa batalha. Obrigado, Maninho. Essa dívida que eu tenho com você, jamais a gente pode pagar em dinheiro, a gente vai pagar em solidariedade, em companheirismo — discursou o ex-presidente.
Nas redes sociais, bolsonaristas destacaram a declaração para criticar o adversário. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do presidente da República, compartilhou o vídeo do discurso e afirmou que Maninho do PT "é aquele que, juntamente com o filho, quase matou um empresário que bateu a cabeça num caminhão". A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) tuitou que "Lula elogia barbárie, incentiva o crime" e que "é esse tipo de fotografia que Lula quer para seu país".
A declaração de Lula dominou as redes bolsonaristas desde o sábado. Influenciadores e políticos compararam a homenagem e a agressão ao episódio ocorrido no mesmo dia em Foz do Iguaçu (PR), quando o guarda municipal Marcelo Arruda, ex-candidato a vice-prefeito na chapa do PT em 2020, foi assassinado durante a comemoração do seu aniversário. Por causa da festa com tema do PT, um simpatizante de Jair Bolsonaro, o policial penal José da Rocha Guaranho, interrompeu o evento e atirou contra Arruda, que revidou com disparos antes de morrer. Ao contrário do que foi informado anteriormente pela polícia, o agente penal Jorge José não morreu e está no hospital sob custódia. Seu estado de saúde é estável. O Partido dos Trabalhadores denunciou o que qualificou de "violência bolsonarista".
Ao GLOBO, Maninho lamentou o ocorrido em 2018. Afirmou se tratar de um episódio de "infelicidade" e que "quer apagá-lo da memória". Procurada, a pré-campanha de Lula informou que não irá se manifestar.
Fonte: oglobo.com