A tenente do Corpo de Bombeiros Liliane Marinho não se conteve ao falar da destruição causada por um incêndio em Caeté,
na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e do cansaço da equipe que
esteve à frente do combate. Emocionada, ela quase chora, e pede
prevenção e mais cuidado com a natureza. No fim de semana, 70 mil m² de
vegetação foram queimados no conjunto arquitetônico e paisagístico do
Santuário de Nossa Senhora da Piedade.
“A gente não pode
afirmar a causa, mas a gente sabe e tem experiência que muitos desses
incêndios, principalmente, estes de grandes proporções têm causa humana.
Por isso, que fica o nosso pedido de que a população cuide da natureza,
que realmente veja a nossa dificuldade aqui", diz com a voz embargada. A
declaração foi dada à reportagem da TV Globo Minas, após o controle do
fogo na tarde deste domingo (18).
Nesta manhã, ao G1, ela
falou sobre o desafio da profissão e explicou o que sentiu naquele exato
momento. "Sim, fiquei emocionada no momento, porque é muito difícil a
gente encontrar um local totalmente tomado de fumaça e saber que a e
gente não tem condição de eliminar [o fogo] totalmente”.
Ela estava de folga, mas
de sobreaviso para o caso de emergência. Ao receber o chamado, a
tenente e outros miltares do 3º Batalhão, em Belo Horizonte, se
deslocaram para Caeté. O grupo trabalhou por cerca de 12 horas para
evitar a propagação. "Quando você entra numa mata muita fechada, corre
risco até de vida, porque o incêndio pode virar. Mas esta é a missão dos
bombeiros", conta, relando que, ao término, a condição da equipe era de
exaustão. Brigadistas também ajudaram combate.
O incêndio começou na
noite de sexta-feira (17). Esta e outras ocorrências de queimadas em
áreas de preservação no estado levaram o governo de Minas Gerais a decretar situação de emergência. A medida serve para agilizar os procedimentos de combate, facilitando a liberação de recursos, inclusive federais.
Trinta pessoas entre
bombeiros e brigadistas atuaram para apagar as chamas em local de
difícil acesso. A tenente também chama atenção para o desgaste humano em
situações como estas. “É muito difícil e a gente pede, mas as pessoas
não tem noção do que acontece”, faz um desabafo em tom de choro.
Segundo a militar, a
prevenção é a principal medida “para a natureza sofrer menos e todo
mundo sair ganhando”. A umidade do ar reduzida, a mata fechada, o vento
forte e a inclinação do terreno dificultaram o combate na Serra da
Piedade.
O santuário é um ponto
turístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan). Devido às chamas e à fumaça, a visitação de peregrinos
foi suspensa no fim de semana. Nesta segunda-feira (19), também não
houve programação. De acordo com a assessoria da Arquidiocese de Belo
Horizonte, por segurança, vai ser aguardada a orientação do Corpo de
Bombeiros para reabrir o santuário. Não houve prejuízo à edificação.