Chico Buarque - Claudio Botelho se defende após polêmica em musical sobre Chico Buarque





Claudio Botelho em cena de 'Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos' - Leonardo Aversa / Agência O Globo
RIO - Após ter a sessão de "Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos" em Belo Horizonte cancelada, o ator e diretor Claudio Botelho se defendeu da polêmica e das acusações de racismo. Segundo o mineiro, ele usou uma fala de seu personagem, diretor de um grupo de teatro mambembe, para improvisar em cima da situação política do país. Em entrevista ao GLOBO, Botelho disse ter se sentido "censurado".


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Chico Buarque se manifestou por meio de seus assessores, retirando a autorização para Botelho usar suas canções em musicais. Segundo o ator e diretor, a sessão marcada para este domingo, em Belo Horizonte, e também cancelada, seria mesmo a última da turnê.
— Faço esse espetáculo há dois anos, tem um momento em que meu personagem chega numa cidade imaginária e vê que ninguém vai ao teatro porque é o último capítulo da novela das oito. Nessa hora, sempre faço um "caquinho" com o que está acontecendo no Brasil. Já falei sobre o (presidente da câmara Eduardo) Cunha, por exemplo, e sempre fui aplaudido, sempre riram, sempre entenderam como piada. Ontem eu disse: "Será que o pessoal ficou em casa para ouvir que algum ex-presidente foi preso? Ou ficaram para ver se uma presidente recebeu o impeachment?" .

Segundo a reportagem do jornal "Estado de Minas", Botelho foi mais incisivo, e teria chamado Lula e Dilma de ladrões. O ator e diretor disse que "muita gente riu, mas muita gente também vaiou". Mineiro de Araguari, Botelho contou que essa foi a primeira vez que ele se apresentou em seu estado natal ("eu estava num grau de felicidade, até a irmã do meu avô estava lá").

— As vaias foram crescendo, virando uma comoção. Começaram a berrar "não vai ter golpe", mas demorei uns minutos pra entender. No primeiro momento, eu caí na gargalhada, demorei a entender que não era uma brincadeira. Afinal, eu não falei de golpe, não falei de nada.

— O público começou a descer em direção ao palco, com punhos em riste, me chamando de coxinha, expressão que sempre me faz rir, além de direitista, fascista. Começou a ficar violento. Quando vi que o pessoal não ia parar e entendi que eles não estavam gostando, sugeri que fossem à bilheteria pegar o dinheiro de volta. Mas eles não foram. Daí o restante da plateia começou a gritar para o pessoal que estava reclamando ir embora.
Nesse momento, a atriz Soraya Ravenle, que contracena com Botelho, entrou em cena e tentou continuar o espetáculo. O elenco tentou ainda cantar mais três músicas. No áudio vazado de uma conversa dos dois já no camarim, depois do ocorrido, Soraya critica a decisão de Botelho de falar sobre política numa semana em que os ânimos da população estão exaltados.
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