PUBLICADO EM 20/03/16 - 00h35
Quase 20 mil headbangers, das mais variadas idades, encheram a
Esplanada do Mineirão neste sábado (19), na segunda passagem do Iron
Maiden por Belo Horizonte.
O som começou a rolar às 18h45, com o The Raven Age, banda de George Harris, filho de Steve Harris, baixista e fundador da Donzela de Ferro.
O som começou a rolar às 18h45, com o The Raven Age, banda de George Harris, filho de Steve Harris, baixista e fundador da Donzela de Ferro.
Uma hora depois, foi a vez dos veteranos do Anthrax subirem ao palco
para destilar clássicos da música pesada. Um dos quatro gigantes do
thrash metal, o grupo norte-americano mesclou pedradas como "Caught in a
Mosh" e "Indians" com musicas do novo disco, o recém-lançado "For All
Kings" (2016). O vigor da banda, com o icônico vocalista Joey Belladona à
frente, tira qualquer receio que a barba grisalha do boa praça Scott
Ian possa causar.Os caras estão quarentões e seguem a todo o vapor.
Apesar disso, a plateia, formada por uma maioria de blusas com Eddies estampados, não se mostrou muito animada com o show e, logo ao final, já começou a puxar um "olê olê, Maiden, Maiden", constante durante toda a noite.
Por mais estranho que pareça, o show do geralmente pontual Iron Maiden
atrasou um pouco, cerca de 20 minutos, começando com "If Eternity Should
Fail", do disco novo, "The Book of Souls" (2015). Numa dramática
abertura, vocalista Bruce Dickinson, que assume personas no palco para
diferentes músicas e álbuns, surge como uma espécie de bruxo, atrás de
um caldeirão. Na sequência, outra do álbum mais recente, a rápida "Speed
of Light", antes da primeira do hall de clássicas, "Children of the
Damned", de "The Number of the Beast" (1982). Bruce cumprimenta o
público e rasga um "scream for me Belo Horizonte", pedindo ajustes no
PA. O som melhora, e o show segue com outra competente faixa de "The
Book of Souls", "Tears of a Clown", cuja letra homenageia o ator Robin
Williams, que suicidou-se aos 63 anos, em 2014. As primeiras músicas do
show, no entanto, talvez não tenham sido as melhores opções para a a
abertura, que podia ser mais agitada, dadas as vastas opções de
repertório dos 16 discos de estúdio da banda.
Depois do simpático Bruce saudar a plateia, a banda tocou mais uma
nova, "The Red and the Black", que evidencia o talento do trio de
guitarristas, formado por Dave Murray, Janick Gers e Adrian Smith. Para
delírio dos fãs, o riff de "The Trooper" ecoa no Mineirão, enquanto o
vocalista corre de um lado para o outro do palco, com uma bandeira da
Inglaterra em mãos. É quase impossível pensar que Dickinson beira os 60
anos e acabou de se recuperar de um câncer (de língua), tamanha sua
longeva potência vocal e sua animação. Na sequência do clássico de "The
Piece of Mind" (1983), a faixa-título de outra pérola da banda:
"Powerslave", música que é sempre um grande momento da apresentação da
banda. Mesclando bem o repertório, a banda segue com as poderosas e
quentes "Death or Glory" e "The Book of Souls", grande momento cênico de
Bruce e instrumental de Gers, que também marca a entrada do boneco
gigantesco do mascote Eddie ao palco.
Novidade nos setlists recentes do Iron, "Hallowed Be Thy Name", de "The
Number of the Beast", emocionou o público com os falsetes rasgados de
Dickinson, assim como a emblemática "Fear of the Dark", que estourou
moshs animados. Impossível não se arrepiar ao ver a Esplanada cantando
em uníssono o famoso coro da música, do disco homônimo de 1992. Como num
fim apoteótico, a banda liderada pelo frenético Steve Harris, que não
para quieto um minuto, a banda executa "Iron Maiden", do primeiro disco,
de 1980, com um grande Eddie atrás da bateria.
Mas o grupo volta ao
palco para o bis, que começa com outra pedrada, "The Number of The
Beast". Após um discurso pacifista, Bruce diz que somos todos irmãos,
independente de fronteiras geográficas, e anuncia a emocionante "Blood
Brothers", de "Brave New World" (2000). Fechando o show, "Wasted Years",
de "Somewhere in Time" (1986), mostra que o Iron Maiden é uma banda que
entrega o que promete. Bruce agrade Belo Horizonte e diz que a banda,
apaixonada pelo Brasil, voltará ao país. Nós sabemos que sim - ainda
bem.