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Estamos presenciando o fim de um mito.
O maremoto que vai tragar neste domingo o moribundo governo Dilma levará de roldão a aura de invencível de Lula.
Instalado em um hotel de Brasília, o ex-presidente tenta há semanas
convencer parlamentares a votar contra o impeachment de Dilma.
Transformou o local num balcão de negócios, onde ministérios e cargos
são oferecidos sem cerimônia no altar do vale-tudo político. Para ter um
mínimo de segurança, Lula age como os antigos coronéis do sertão que
rasgavam uma cédula ao meio e davam uma parte para o eleitor antes do
voto. A outra parte viria só com a certeza da vitória.
Os celulares são deixados do lado de fora, para que as conversas não corram o risco de serem gravadas.
Lula criou o voto de cabresto dos nossos tempos infames.
Tudo é prometido e ofertado, mas a horda só poderá abocanhar o seu quinhão caso Dilma permaneça no governo.
Na penumbra, o País é fatiado para tentar garantir a sobrevivência de um grupelho.
Só que para essa gente, a perspectiva de poder vale muito mais do que
um poder que se esvai. Eles sabem que Dilma é uma ex-presidente em
exercício. Um fantasma vagando sem rumo pelo Palácio do Planalto, tendo
espasmos de prepotência e arrogância para grupos de fiéis, cada vez mais
reduzidos.
E mais: eles sabem que Lula é um tigre sem dentes. A tão decantada
capacidade de articulação só existe quando acompanhada de espaço no
governo. Esse pessoal que vai ouvir Lula quer mesmo é o poder. E todos
nós sabemos para que buscam cargos e ministérios. Só que Lula não tem
mais nada a oferecer de palpável. Que garantia pode dar, estando ele
mesmo ameaçado? Nem ministro de verdade conseguiu ser.
Por isso, Lula está fracassando como salvador. Antigos aliados desembarcam a todo momento. E impeachment parece inevitável.
Nem a escória da escória está caindo nesse canto de sereia.
O desmoronamento de Lula pode ter como síntese a frase atribuída a
Abraham Lincoln: “Você pode enganar algumas pessoas o tempo todo ou
todas as pessoas durante algum tempo, mas não pode enganar todo mundo o
tempo todo”.
É o fim de um símbolo.